Ontem foi um dia à parte. Enfim um dia em que um ciclo de 7 anos se encerrou. O fim do B 508.
Ainda gostaria muito de escrever artisticamente sobre o B 508. Mas haja tempo e trabalho artístico mais reverberação do inconsciente e da memória involuntária.
Escrevo um pouco do que foi para mim o B 508, mas só um pouco. Bem pouco mesmo.
Pelo B 508 passaram muitas pessoas, muitos desejos, muitas loucuras, muitos misticismos, muitos entorpecentes de vários mundos, muitos amores, muitos dissabores, muitos muitos recheados de uma diversidade anômala tão normal para o meu mudo. Se pudesse eternizar o presente, jamais sairia do comodismo da vida que tive enquanto pude viver B 508.
2006: chego ao B 508. No dia em que chego, Sete, o gato preto que já morava lá antes de mim, cai do 5° andar. Fica meses engessado, sobrevive, e em 2008, vai embora com seu casal de donos, Ricardo e Luiz.
2007: colo em uma das paredes de meu quarto várias conjugações de verbos em francês e declinações em latim.
2008: vou para Portugal, para Coimbra, encaixoto minhas coisas e durante 6 meses quem fica em minha vaga é Asuka, de Quioto, Japão.
2009: volto de Portugal. Cansada da graduação, começo a dar aulas de gramática em um cursinho e enfio na minha cabeça que preciso sair do Crusp, afinal, em 2010 termino a faculdade.
2010: ano da formatura. Formo-me, enfim. Comemoro meu diploma no Mc Donalds. Mas comemoro-o ainda mais por ter conseguido escrever um "projetinho" de mestrado. Não quero me afastar da universidade. Assim é como significo essa minha passagem por esse mundo insano chamado vida.
2011: à toa, nem tanto, resolvo sair do Crusp. Em março. Em abril, a surpresa, morte repentina de meu pai. Confusão. Uma morte causa muita confusão. Adiei meus planos, e devido a problemas escusos, acabei voltando no último mês de 2011 para Sorocaba.
2012: começo a trabalhar em Itapetininga. Mas quero estar em São Paulo. Não em São Paulo, mas na universidade. Relação de amor e ódio. Volto a me hospedar no Crusp - B 508 somente às sextas. Adriana me acolhe! - Atritos. Não com ela, é claro, mas com os novos habitantes B 508. E B 508 já não é o mesmo B 508. Adriana muda-se, eu a ajudo na mudança, e diferente das outras vezes em que saí de B 508, dessa vez vi que foi a última, vi que não voltarei nunca mais àquele apartamento.
Que tudo de estranho que por lá passei, que lá se enterre! Que boas energias nasçam!
Acredito que em breve voltarei a morar no Crusp. Mas o B 508 é passado, assim como toda energia de trevas que ali se plantou.
2012: o ano do fim do mundo.
2012: para mim, fim de mais um setênio. Daqui 10 dias farei 28 anos e saio desse ciclo. Evoé!