domingo, 29 de julho de 2012

razoável razão

A razão que domina o espírito
o espírito que se deixa jogar
o espírito que se limita
o ser que seja
que foi
fim

e ai!
de pouquinho
em indozinho a passinhos
trôpegos, bêbados de paixão
oriunda de um coração que amou
e que se questionou após o sentir ser

- Cala-te, tolo sentimento ignoto!

sem amor
só o orgulho
só o ego
só o seu
só o meu
em separados
sentem a si
sem o outro

A razão zombou do espírito
em sono dormido e acordado

A razão des-sonhou o desejo
em encontros malogrados

A razão desmistificou o belo
em seres pelo orgulho desmoronados

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Apartamento

A lâmpada acesa de iluminar o breu naquilo que do desconhecido cativa-se do escuro, e naquilo de onde se procura fazer mais e mais sombra de cinzar e ansiar a morte eminente do encontro que ali há.

Pendurada tosca no teto, a lâmpada objeto segreda o breu.
Cala de pouco e pouco um escuro que de tão vazio de sentimento, entorna-se.
E enche-se do nada da solidão.

A lâmpada é tão sem nada. É disfarce. Não precisava estar ali.
Esconderia melhor a amargura do semblante apaixonado.

E a lâmpada tão sem nada, tão pragmática, tão tosca, continua a sua tarefa de iluminar o vazio da escuridão metafórica do apartamento mais o oco dos corpos que não se desejam reciprocamente.

É apenas um apartamento a mais.

Um cenário a mais. Um desdém a mais.
De mais uma noite clichê: a sós com uma taça de vinho seco. 

domingo, 8 de julho de 2012

Desapego

Do sentir raiva nasceu a liberdade, e não havia mais a necessidade de querer o louco, desejar o desvairado, ansiar o incompreendido. Um sentimento de raiva a gritar - raiva por não poder compreender se simplesmente o caso em questão era um caso que era ou um caso que não era. E assim, na indecisão, optou por permanecer como observador. E é fato - todo observador não pode desconsiderar o fato de que o envolvimento é inevitável. E como o caso era de não se saber o nome, o envolvido se viu emaranhado em um turbilhão de sentimentos bizarros.

A raiva grita sem a ajuda do indivíduo: nascimento do desapego da razão.

A raiva gritou e disse chega! E seguiu reverberando liberdade no ser que agora saía, ainda sem resposta sobre o ser ou não ser da coisa, todavia, sabendo que daquilo agora estava desapegado.