Era um edital. Coisas da contemporaneidade. Só soube ele pelo edital: ela era casada.
Se não fosse o google ele não o saberia. Ficaria achando que ela era livre, leve e solta. Não que ela o tivesse enganado. Não mesmo. Talvez, essa hipótese de ficarem juntos, nem que fosse por uma noite, fosse somente desejos da cabeça dele, desejos dos quais ela sequer participava. Ah! Mas e aquele dia em que os dois estavam lado a lado e ela acariciou o rosto dele? Sim, ela estava querendo alguma coisa. Mas não, não disse nenhuma frase que sinalizasse algum interesse extra-afetivo. Teria ele se apaixonado sozinho? Esquisito. Mas enfim, o edital era claro e fedido como a cândida: ela era casada.
Destas coisas da vida de casado ele pouco sabia, ainda não tinha exercido tal aventura. E pensava se valeria de fato a pena se casar. No fundo, às vezes pensava que o casamento era apenas um meio estranho de ficar obrigatoriamente com uma pessoa só, pois da experiência que tinha, bem sabia que ou era dominado pela paixão e a sua amada não ficava sob seu poder, ou quando estava em um relacionamento estável deixava-se enjoar por todos os defeitos de sua companheira a ponto de vê-la desprovida de todas as qualidades com as quais a conhecera.
E agora essa. Essa nova mulher que tinha aparecido e parecia ser tão legal era casada. E omissa. Existem as casadas mentirosas, e as omissas.
Bem-aventurados são aqueles que têm paciência de fazer investigações no google.