quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Balanço de 2010

Consegui. Terminei a graduação na Universidade de São Paulo no curso de Letras, nas habilitações de português e francês em 5 anos mais um intercâmbio que valeu 6 meses na Europa, estudando na saudosa Universidade de Coimbra.

Apesar dos projetos e planos já prontos em filologia, todos malogrados depois do trauma causado pela doença em mamãe, ainda consegui escrever neste ano não sei com que forças um projeto de mestrado em literatura francesa.

Atualmente, para sobreviver vendo aulas a um custo muito baixo. Tanta qualificação para dar uma educação tão básica... quando o tesão em ensinar está no fato de poder despertar a curiosidade e instigar a discussão. A maioria dos meus alunos não quer aprender, infelizmente.

Pelo menos não tive filhos, como disse B. Cubas. - Ainda.

Nem plantei nenhuma árvore.

Nem escrevi nenhum livro.

Ao menos escrevo estas palavras abandonadas neste blog.

Este ano de 2010 foi um ano de restauro, de olhar para mim mesma e para minhas atitudes e tentar descobrir o que é que me traz prazer na vida. Descobri que vivi muito pouco por me preocupar demais. Diria mesmo que este foi o ano em que eu menos vivi.

Noites em claro escrevendo trabalhos às pressas em língua francesa, ansiedade, dúvida, medo da morte pela primeira vez na vida, medo da pobreza pela primeira vez na vida, medo de ficar só pela primeira vez na vida, desgosto absoluto pela primeira vez na vida, ódio do sol, da lua, da chuva, do calor... acabei-me escrava sem tempo para fazer o que de fato gosto.

Alors... estou feliz porque terminei a porra da faculdade.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Hora de dormir

E ele anda atormentado com as suas próprias vontades,
com seus próprios desejos.
Sai pensando, mas não sabe que decisão tomar porque simplesmente não é capaz de interpretar o que de fato realmente quer para si: amar, ser amado, o simultâneo, ou uma liberdade vadia e gratuita de sentimentos verdadeiros.
Madrugada, dormir para acordar cedo. Sem querer dormir, ser obrigado a dormir.
Despertador arrumado,
programado.
Programar o dia seguinte como se fosse um algoritmo?
Sonho... Ilusão... Utopia...
O corpo pede e ele não o ouve.
Ignora-se o corpo, e sem que percebamos,
padece a mente.

Nascimento da loucura: um jogo de confusões, de significantes, de significados e de significâncias.
Morte da loucura: achar que é capaz de dominar o conceito de razão.

Se razão existisse, a matemática não teria infinitos.

Da alma, somente incertezas e pressuposições.

Do corpo, somente o desejo, ora parece são, ora absurdamente insano.

Calcula as consequências: como se ele fosse capaz de o fazer. Tolo. As consequências dependem sempre de um outro e de tudo que é maior do que o insignificante ser humano.

- Dorme e morre para que tua alma passeie em paz.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Écrire en français

À la fac, j'ai besoin d'écrire toujours en français,
donc,
comme m'a dit mon amie Nathalia,
pour faire ça :

il faut étudier plus
il faut étudier plus
il faut étudier plus
il faut étudier plus
il faut étudier plus

mais, cependent,

il faut aussi :

ne travailler pas
ne travailler pas
ne travailler pas
ne travailler pas
ne travailler pas

Il faut écrire correctement

ne pas travailler
ne pas travailler
ne pas travailler
ne pas travailler
ne pas travailler

et la vie marche, les études s'attachent pour pouvoir continuer

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Mais um dia de trabalho e aulas

Mais um dia de trabalho e aulas, de ambos os lados,
trabalhado.

Durante a manhã:

"A árvore foi derrubada"
Foi - infinitivo ser
(e entra o verbo tão presente - ser -)
Trata-se de voz passiva analítica.

"Derrubou-se a árvore"
Trata-se de voz passiva sintética.

"Derrubou-se as árvores"
Ache o erro ou pressuponha que o sujeito é indeterminado.

Entre outras tantas perguntas: hoje começaram as aulas de revisão com meus alunos meigos e fofinhos. Ou quase meigos e fofinhos. Às vezes eles me surpreendem.

Noite: À la recherche du temps perdu e Méthodologie du Français sur Objectif Spécifique

À noite: eu e meu pc.

domingo, 24 de outubro de 2010

Pela A. B. S.

A. B. S. disse-me:
Continue poetando.

Eis-me: poetando,
ou pelo menos tentando.

Andando, escrevendo e
simultaneamente pensando.

O coração se redesdobrando de dúvidas;
A alma carpintando minhas veias para provar que ela existe;
O meio questionando a minha pessoa tão cheia de tudo.

Amiga,
Essa foi uma tentativa de poetar.
Meu eu falando de forma escrita.
Um jeito de pensar antes de falar:

- Poetar.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Um dia

Segredos escancarados pela boca insegura com vontade própria.
Náusea
Desejo
Medo

Vontade e desejo de que tudo fosse menos podre e maquiavélico. Mas não o é.

Dores físicas e mentais.

Febre
Tosse
Dor muscular
Coluna cansada
Angústia
Crise de ansiedade que parece preceder um ataque isquêmico.

Arrumo-me. As costas a doer.

Quinto andar... barulho, textos em francês, música "rock estranho".

Viver: é isso.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A busca pelo grau

Caro leitor, aqui quem vos escreve é uma estudante de Letras, ou seja, um corpo feminino necessitado por expressar. Hoje o dia rendeu muitas atividades, incluindo o guarda-roupas arrumado, com tudo bem dobradinho, como eu gosto. Quadrado ou redondo? Não sei. O que ouço? Agora David Bowie "Man Who Sold The World". Quando terminar de escrever o tempo já será outro, a música já será outra, de repente me lembro que escrevo em busca do grau. Será que este ano ele vem?

Não farei festa de formatura. Não há o que comemorar. Para que gastar com algo tão cotidianeiro... penso.

Aqui quem escreve é uma mulher louca e lúcida, bem ou mal, uma mulher. De menina? Mais nada restou. Agora é fato. Continuo caminhando... se tudo der errado... não há como prever, nem o futuro da minha pessoa, nem o futuro da humanidade, ou do nascer de mais uma estrela, ou do estrondo de mais uma troca de energia.

Aqui quem está por detrás de um teclado vagabundo de um notebook velho e cansado é um ser estranho e desconhecido para mim. Ou tão conhecido que me assusta a cada pensamento malicioso ou maléfico. Ora, mas esse ser também tem bons intentos. Um ser onde pólos negativo e positivo são um contínuo. Um ser. dano-me com esse maldito verbo tão chato de se decorar e se conjugar em todas as línguas. "E no princípio era..." Por que não, e no princípio é..." O que é eu? Sempre gostei da locução "incógnita famigerada". Ligo-a a mim.

Aqui sentada nessa cadeira velha, nesse pedaço de crochê cosido por minha mamãezinha linda, espero o sono chegar e uso a língua para tentar fazer algo para deixar registrado. Nem sei porque o faço. Faço isto desde tão novinha... sempre gostei tanto de escrever à toa...

à toa... à toa... à toa... à toa... à toa... à toa... à toa...

Quantas besteiras feitas e ditas à toa.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

desabafo: mais um

O que dá vontade de fazer diante do desinteresse em se tornar inteligente? Tenho medo dos jovens entre 17 e 20 anos que não são capazes de formar uma opinião, que acreditam em tudo que lhes dizem. Uma sociedade esponja. Igualzinha ao Bob mesmo. Boba.

Ou estou ficando meio velha de opiniões.

De tudo, estou há 5 anos por opção sem TV em casa. Assisto algo vagamente somente quando vou a Sorocaba. A atual novela mais assistida (pelo menos penso que seja) faz com que eu sinta vergonha alheia pelos atores. Cadê o senso do ridículo?

Enfim, acho melhor dormir. Prefiro dormir a pensar na "morte de la vache". Estou com medo do mundo, não quero sair da minha bolha, ela me parece mais real, apesar de 85% da população achá-la irreal.

Moral do post: enquadro-me na menor fração deste nicho irreal e descubro como sentir prazer. Louca, quem não é.

Resta-me sortear um número da biografia do inexistente existente Bernardo Soares. Vamos ver o que sai:

455 - "Todos aqueles acasos infelizes de nossa vida, em que fomos, ou ridículos, ou reles, ou atrasados, consideremo-los à luz da nossa serenidade íntima, como incómodos de viagem. Neste mundo, viajantes, volentes ou involentes, entre nada e nada ou entre tudo e tudo, somos somente passageiros, que não devem dar demasiado vulto aos percalços do percurso, às contundências da trajectória. Consolo-me com isto, não sei se porque me consolo, se porque há nisto que me console. Mas a consolação fictícia torna-se-me verdade se não penso nela.
Depois, há tantas consolações! Há o céu azul alto, limpo e sereno, onde bóiam sempre nuvens imperfeitas. Há a brisa leve, que agita os ramos densos das árvores, se é no campo; que faz oscilar as roupas estendidas, nos quartos andares, ou quintos, se é nas cidades. Há o calor ou o fresco, se os há, e sempre, no fundo, uma memória com sua saudade ou sua esperança, e um soriso de magia à janela do mundo, o que desejamos batendo à porta do que somos, como pedintes que são o Cristo."

Livro do Desassossego

Cadê a criatividade?

Céus, acho que tô lendo demais o mesmo carinha...

(os mais íntimos entenderão)

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Algoritmos















Ah. O que não daria por uma hora na Capela Sistina agora. E pensar que Michelangelo não queria o teto pintá-lo. Ainda bem que havia papas como Júlio II, insistentes e teimosos.
Hoje o que tenho são lembranças daquela tarde de novembro de 2008 em Roma, ou melhor, na cidade do Vaticano. Até missa lá assisti.

Ah. O que não daria por uma daquelas noites frias de Coimbra, frias por fora, mas no quarto da Couraça dos Apóstolos, quentes e entorpecidas.

Arte. Única coisa que me move desde os meus 3 anos de idade. Sim... eu me lembro da primeira palavra que li: Tieta - Jorge Amado. Foi meu irmão Sandro quem ma ensinou. Ele, que se quer concluiu o segundo grau e hoje é um grande artista na arte de tatuar. A arte. O que seria do homem sem ela. O que seria de mim se não pudesse escrever.
Nas férias, ou nesse final de semana, vou tentar terminar minha tela inspirada em Degas.
Ao me formar, quero voltar ao teatro. E quero, enfm, voltar às aulas de expressão corporal.
O que seria do homem se não existissem artistas?
Com o perdão da palavra: algoritmos.

domingo, 29 de agosto de 2010

Sobre saudade

A vida às vezes age como um guabiru
Enfiando tudo o que você conquistou no fu
(nojo ou desprezo).

Mas a vida também tem coisas boas,
tem comida,
tem arte,
tem sexo,
e tem saudade - sentimento este que não há de se conseguir decifrar se é bom ou ruim.

Mas de novo,
se levarmos em consideração que ruim vem do latim e significa desmoronamento,
ter saudade não pode significar ruim,
só pode ser saudade.

Será que estou lançando-me ao meu fado?

Viver é assim e apenas, e bom é poder escrever sobre as coisas,
sobre o amor,
sobre a comida,
sobre a arte,
sobre o sexo,
e sobre a saudade.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Julho e Sorocaba

Com calma em Sorocaba. Há muito não o podia. Então sei que bem à pena, torno, a estar a voltar.

Chove hoje. Aqui em Sorocaba.
 - Uma semana é tão tão pouco tempo...

O apartamento pitoresco, Sampa.
 - Sexta-feira, à noite. Chego à
 ma chambre.

E fim.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

conforto

Eu ainda não consigo explicar  - a fundo - o que seja a definição de conforto.
Seria ser um rei?
Não, melhor não.
Muitas responsabilidades.

Descanso da alma em um corpo vivo. Talvez isto seja.
Respiro
E o corpo vive;
Vivo
E a alma conforta-se.

Ser e respirar
Ser: estado da alma em bem-estar.

Crusp - 18h45

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Brasil 1 x Holanda 2

sem links. tentarei expressar o que foi a metade de um dia através da Escrita.

acordei cedo. às 7h. Sessão de acupuntura.

- bom dia, eu...
- o doutor hoje não vai atender por causa do jogo do Brasil.
- ãmm. (pausa) e...
- mas se você quiser você pode fazer uma sessão na maca de massagem, acho que era esse o nome da maca na qual aceitei deitar-me para relaxar.
(sessão de 50 minutos se passa)
- gostosa a maca, não é?
- sim, é sim. (pausa) volto na segunda, às 11.
- tudo bem, tá marcado. tchau!
- tchau.

chego em casa... a tempo para assistir o jogo do Brasil contra a Holanda.

primeiro gol do Brasil.
os próximos dois, da Holanda.

tchau hexa, de novo.
mas valeu-me uma sessão de massagem.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Falta de criação

Madrugada de sábado para domingo. Em casa, em frente ao pc, ela descreve algo sobre o dia.

Jogo do Brasil contra Portugal.

0x0

Cristiano Ronaldo gol não fez, Nilmar não fez. Ninguém fez.

Tudo ficou no quase. Um quase cortês


Crusp - 26 de junho de 2010 - exatamente 3h41 da madruga.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

17 de junho de 2010

Sê-te!
Antes de tudo despojado de métrica.
Pojado somente de ritmo.

É o és tu poema errante
permeante entre o portugês europeu
e o português do Brasil.

Enrolo-me em ti e a ti.
Por fim chamo-o de você.

Passo a o possuir.

Meu Deus cahamado português. Amo-te.

E amo-a língua do Lácio nascida.
Eis-me aqui a ti

Um homem célebre

Acabo de ler "Um homem célebre"
de Machado de Assis

"Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário."

Escreve Vinicius de Moraes.

Polcas e apartamentos
apertados
de conhecimentos
ou ainda,
fluídos criativos
de conhecimentos.

Pestana e o operário:
Ambos os dois personagens
Construindo-se em construção.
Em ritmos dissolutos
Cada qual à sua condição.

Redondilha maior de Vinicius
Conto de Machado de Assis
E tarefas a serem entregues
Detonando o coração do artista e do artesão.

Somos assim todos operários,
Sejamos artistas ou operários,
Transgredidos pelo chefão.

sábado, 5 de junho de 2010

Leitura

Ler é escorregar no valor semântico de cada palavra.
E a palavra nunca vem só.
Vêm palavras costuradas em linha fina,
Pois escorregam-se.

E por isso há de se ter muito cuidado ao usar as palavras.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

O estrangeiro

O Estrangeiro foi uma das crônicas que li nesta semana, de Arthur Dapieve. Escrita entre o final de 2005 e começo de 2006, para não dizer no reveillon entre estas datas supracitadas, a crônica fala da dificuldade de se perder uma mãe.

No final do ano passado tive uma síncope: minha mãe, que é única, pois mães são únicas, quase bateu com as botas e foi bater um lero com São Pedro.

Recuperada quase 100% do AVC, hoje minha mama está melhor.

A síncope me trouxe uma outra perspectiva de mundo. Amadureci. Pela primeira vez na vida, e olhe que sou portadora de 26 anos, o que para muitos é muito e que para outros muitos é pouco.

Se minha mãe morresse, estaria só no mundo. Sentimento. Cada um tem o seu.

Mas isso deve acontecer para nos demonstrar o quanto o ser humano é frágil

Enfim, quem puder, leia o conto de Arthur Dapieve.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Lentilhas

Como cozinhar uma saborosa sopa de lentilhas!

Deixo de lado o Franklin Távora,
Levanto-me do sofá,
Sigo em direção à cozinha,
Abro o armário,
Pego o saco de lentilhas,
Jogo-as delicadamente dentro da panela de pressão.
Tempero a gosto.

Fez-se a receita.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

pedidos de meus ouvidos

Ouço música que considero boa e que outros consideram boa e sou obrigada, trepidamente no infelizmente, a ouvir música que acho eu ruim e de má qualidade que bate bum bum em meus tão delicados ouvidos.

Bate, balança dando porrada!

Sendo que embalar docemente o som bem e bem é tão bom!

Do
meu
eu
sai
luz
e
dor:

são
ais
e
ah's!

são
mais
e
só.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Grande Sertão: Veredas

Eu sei.
sei de
tudo,
e sim,
também:
nada;
e nem.
e vou
desdém
além
se der

terça-feira, 4 de maio de 2010

Aqui, a ir ao banho

Logo irei ao banho, depois voltarei, arrumarei meus cabelos agora curtos, nem tão curtos assim. Arrumarei os textos necessários para levar à aula de Literatura Comparada... uma coca-cola também vai bem.

Hoje a aula será sobre Bernardo Guimarães. Professor Eduardo.

E sobre a França, e sobre a Inglaterra, talvez Joyce e por último sempre há aquele lá no horizonte errôneo da sala que cita Guimarães sem nunca ter lido Grande Sertão: Veredas.

Antes da aula, ao bandejão.

sábado, 1 de maio de 2010

Desatentamento

De tão preocupada em somente em, pois - escrever e só.
Nunca desci até a página final.
Lá há um link para seguir.
E eu nunca o vi.
Eu queria somente escrever
e só, mas
uma Tágide,
acho eu achando,
disse-me que na página inicial lá há
um link para seguir mais mais mais blogs
E a literatura atual em talvez esteja, pois,
gratuitamente apática fluintemente
(de fluir e ir)
bem aqui: na internet dos jovens poetas online.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Entre o mar e São Paulo com seu rio

São Paulo à procura de um sujeito. Quero viver na praia. São Paulo à procura de um mar. Quero olhar o mar. O rio, de tão sujo, passa a criar novas vidas, um novo 'corpus' para estudos biológicos. Um filhote de capivara nada fluentemente no Rio Pinheiros. A isso damos o nome de adaptação?

quinta-feira, 4 de março de 2010

Tentativa de descrição de uma noite genuinamente noturna

O aqui é um lugar que pode ser descrito somente (no momento) quando o aqui efetivamente for o agora
se o tempo passa vão-se as palavras voando fincanvoando-se emaranhonhando-se
e o aqui não descreve-se
e por isso precisa ser descrito passivamente

agora é noite após obrigações cumpridas,
devidamente,
dou-me o luxo de me permitir

ex profile do orkut

se eu nascesse poetisa,
as coisas continuariam da mesma maneira,
mas eu escreveria melhor.
se eu nascesse com mais coragem,
talvez hoje estivesse sabe-se lá onde.
saudades de muitas coisas,
muitos carinhos,
e dos palcos que abandonei.
crime?
com os outros e comigo mesma, sempre.
a vida sem crimes e coisas proibidas é uma grande chatice.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Recesso

Durante o mês de janeiro e o mês fevereiro vive-se. O Professor vive durante os meses de janeiro e fevereiro. Algumas pessoas morrem na América Central: terremoto no Haiti. É mês de janeiro. São meses de chuva e calor no Brasil. São meses de fim de neve na Europa. São meses... no calendário cristão, ano de 2010. No ano de 2010 os sonhos caíram. Os sonhos sonham diferente. São diferentes os sonhos. Os sonhos se quer são. Por onde andas, Pandora, com a esperança derradeira do vaso proibido? Vem! E traze junto com a esperança um presente de Baco: um bom vinho seco. E juntas dançaremos a continuação da desgraça humana. E ambas descobriremos como descobrir a saída da angústia.