quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A busca pelo grau

Caro leitor, aqui quem vos escreve é uma estudante de Letras, ou seja, um corpo feminino necessitado por expressar. Hoje o dia rendeu muitas atividades, incluindo o guarda-roupas arrumado, com tudo bem dobradinho, como eu gosto. Quadrado ou redondo? Não sei. O que ouço? Agora David Bowie "Man Who Sold The World". Quando terminar de escrever o tempo já será outro, a música já será outra, de repente me lembro que escrevo em busca do grau. Será que este ano ele vem?

Não farei festa de formatura. Não há o que comemorar. Para que gastar com algo tão cotidianeiro... penso.

Aqui quem escreve é uma mulher louca e lúcida, bem ou mal, uma mulher. De menina? Mais nada restou. Agora é fato. Continuo caminhando... se tudo der errado... não há como prever, nem o futuro da minha pessoa, nem o futuro da humanidade, ou do nascer de mais uma estrela, ou do estrondo de mais uma troca de energia.

Aqui quem está por detrás de um teclado vagabundo de um notebook velho e cansado é um ser estranho e desconhecido para mim. Ou tão conhecido que me assusta a cada pensamento malicioso ou maléfico. Ora, mas esse ser também tem bons intentos. Um ser onde pólos negativo e positivo são um contínuo. Um ser. dano-me com esse maldito verbo tão chato de se decorar e se conjugar em todas as línguas. "E no princípio era..." Por que não, e no princípio é..." O que é eu? Sempre gostei da locução "incógnita famigerada". Ligo-a a mim.

Aqui sentada nessa cadeira velha, nesse pedaço de crochê cosido por minha mamãezinha linda, espero o sono chegar e uso a língua para tentar fazer algo para deixar registrado. Nem sei porque o faço. Faço isto desde tão novinha... sempre gostei tanto de escrever à toa...

à toa... à toa... à toa... à toa... à toa... à toa... à toa...

Quantas besteiras feitas e ditas à toa.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

desabafo: mais um

O que dá vontade de fazer diante do desinteresse em se tornar inteligente? Tenho medo dos jovens entre 17 e 20 anos que não são capazes de formar uma opinião, que acreditam em tudo que lhes dizem. Uma sociedade esponja. Igualzinha ao Bob mesmo. Boba.

Ou estou ficando meio velha de opiniões.

De tudo, estou há 5 anos por opção sem TV em casa. Assisto algo vagamente somente quando vou a Sorocaba. A atual novela mais assistida (pelo menos penso que seja) faz com que eu sinta vergonha alheia pelos atores. Cadê o senso do ridículo?

Enfim, acho melhor dormir. Prefiro dormir a pensar na "morte de la vache". Estou com medo do mundo, não quero sair da minha bolha, ela me parece mais real, apesar de 85% da população achá-la irreal.

Moral do post: enquadro-me na menor fração deste nicho irreal e descubro como sentir prazer. Louca, quem não é.

Resta-me sortear um número da biografia do inexistente existente Bernardo Soares. Vamos ver o que sai:

455 - "Todos aqueles acasos infelizes de nossa vida, em que fomos, ou ridículos, ou reles, ou atrasados, consideremo-los à luz da nossa serenidade íntima, como incómodos de viagem. Neste mundo, viajantes, volentes ou involentes, entre nada e nada ou entre tudo e tudo, somos somente passageiros, que não devem dar demasiado vulto aos percalços do percurso, às contundências da trajectória. Consolo-me com isto, não sei se porque me consolo, se porque há nisto que me console. Mas a consolação fictícia torna-se-me verdade se não penso nela.
Depois, há tantas consolações! Há o céu azul alto, limpo e sereno, onde bóiam sempre nuvens imperfeitas. Há a brisa leve, que agita os ramos densos das árvores, se é no campo; que faz oscilar as roupas estendidas, nos quartos andares, ou quintos, se é nas cidades. Há o calor ou o fresco, se os há, e sempre, no fundo, uma memória com sua saudade ou sua esperança, e um soriso de magia à janela do mundo, o que desejamos batendo à porta do que somos, como pedintes que são o Cristo."

Livro do Desassossego

Cadê a criatividade?

Céus, acho que tô lendo demais o mesmo carinha...

(os mais íntimos entenderão)