domingo, 1 de julho de 2018

Major Diogo

Corro pelas ruas molhadas e sujas de São Paulo.
Tão grande metrópole, mas sempre o mesmo destino: o apartamento da Major Diogo - uma das mais sujas ruas da região central paulistana. 

Onde está o apartamento nesta noite?
Procuro incessantemente, são duas as torres... Nada. Teriam sido demolidas?

Na primeira vez, primeira ida, entrei no apartamento, havia uma festa, mas o morador não estava presente. 

Na segunda, entrei, mas já não havia festa, tampouco o morador. E quando olhei pela janela, percebi que estava no Crusp, não na Major Diogo.

Na terceira fiquei na esquina da rua, perguntando aos comerciantes locais do morador... Ninguém sabia de nada... Apenas encontrei na esquina um saco de lixo com fitas VHS: símbolo de um passado que se foi, mas que está registrado.

Na quarta vez, estava no apartamento da rua de cima, paralela à Major Diogo. Com o zoom de minha câmera digital consegui, enfim, ver o morador. Ele percebeu que eu o procurava. Mirou em minha direção, piscou um de seus olhos e, em seguida, fechou a cortina. 

Hoje os apartamentos não estavam mais lá. 

Hoje foi meu quinto sonho desesperador sobre o apartamento e o morador da Major Diogo. 

Lembranças de um abandono. 


Restos de lembranças de algo que nunca foi, mas que simplesmente se foi deixando feridas abertas cujo pus fervilha nesses devaneios oníricos na contramão de minha razão. 

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