quinta-feira, 4 de junho de 2015

De madrugada quase manhã - não se sonha

Sou um andarilho à procura de afago. Encontro-o. Desvio-me. Isolo-me.
No choro escondido grito pra debaixo de minha garganta o grito gutural gordo e gacheiro.
Um espelho d'água se formou nas bolsas inchadas debaixo de meus olhos: medo.
Hoje no jantar, senti ânsia em ver como todos comiam.
Hoje na cama, não consegui atribuir a função fechar aos meus olhos.
Hoje foi mais um dia de lamento do adeus.

Andarilho pelos meus medos construídos, não vejo por que saída me livrar de meu passado.

Sou um andarilho à procura da fuga. Uma porta. Abro-a. Entro. Fujo.
Em minha ânsia constante procuro fugir das soluções farmacológicas.
Um cigarro?
Mais choro, mais desespero, outro grito pra dentro.
No encontro com os outros um sorriso falso de alegria.
Sou um andarilho profundamente triste.

Os olhos doem de se fechar. E li que Freud disse ser o sono uma forma de não se deixar contagiar das informações desse mundo, essas informações tão inconfortáveis ao mundo que é só da gente: meu mundo narcísico.

Medo.
Medo.
Medo.

Preferi o adeus ao risco.

Mas dormir e se proteger do lado de lá... parece ainda ser mais difícil.

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